sábado, 1 de dezembro de 2007

AS TRÊS ORAÇÕES

Instado pela assembléia de amigos a falar sobre a resposta do Criador às
preces das criaturas, respondeu o velho Simão Abileno, instrutor cristão,
considerado no Plano Espiritual por mestre do apólogo e da síntese:

Repetirei para vocês, a nosso modo, antiga lenda que corre mundo nos contos
populares de numerosos países . Em grandes bosque da Ásia Menor, três
árvores ainda jovens pediram a Deus lhes concedesse destinos gloriosos e
diferentes.

A primeira explicou que aspirava a ser empregada no trono do mais alto
soberano da Terra; após ouví-la, a segunda declarou que desejava ser
utilizada na construção do carro que transportasse os tesouros desse rei
poderoso, e a terceira, por último, disse então que almejava transformar-se
numa torre, nos domínios desse potentado, para indicar o caminho do Céu.

Depois das preces formuladas, um Mensageiro Angélico desceu à mata e avisou
que o Todo-Misericordioso lhes recebera as rogativas e lhes atenderia às
petições.

Decorrido muito tempo, lenhadores invadiram o horto selvagem e as árvores,
com grande pesar de todas as plantas circunvizinhas, foram reduzidas a
troncos, despidos por mãos cruéis.

Arrastadas para fora do ambiente familiar, ainda mesmo com os braços
decepados, elas confiaram nas promessas do Supremo Senhor e se deixaram
conduzir com paciência e humildade.

Qual não lhes foi, conduzir com paciência e humildade. Qual não lhes foi,
porém, a aflitiva surpresa! .

Depois de muitas viagens, a primeira caiu sob o poder de um criador de
animais que, de imediato, mandou convertê-la num grande cocho destinado à
alimentação de carneiros; a segunda foi adquirida por um velho praiano que
construía barcos por encomenda; e a terceira foi comprada e recolhida para
servir, em momento oportuno, numa cela de malfeitores.

As árvores amigas, conquanto separadas e sofredoras, não deixaram de
acreditar na mensagem do Eterno e obedeceram sem queixas às ordens
inesperadas que as leis da vida lhes impunham .

No bosque, contudo, as outras plantas tinham perdido a fé no valor da
oração, quando, transcorridos muitos anos, vieram a saber que as três
árvores haviam obtido as concessões gloriosas solicitadas .

A primeira, forrada de panos singelos, recebera Jesus das mãos de Maria de
Nazaré, servindo de berço ao Dirigente Mais Alto do Mundo; a segunda,
trabalhando com pescadores, na forma de uma barca valente e pobre, fora o
veículo de que Jesus se utilizou para transmitir sobre as águas muitos dos
seus mais belos ensinamentos; e a terceira, convertida apressadamente numa
cruz em Jerusalém, seguira com Ele, o Senhor, para o monte e, alí, ereta e
valorosa, guardara-lhe o coração torturado, mas repleto de amor no extremo
sacrifício, indicando o verdadeiro caminho do Reino Celestial .

Simão silenciou, comovido.

E, depois de longa pausa, terminou, a entremostrar os olhos marejados de
pranto:

Em verdade, meus amigos, todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer
parte e em qualquer tempo, as mais variadas preces; no entanto, nós todos
precisamos cultivar paciência e humildade, para esperar e compreender as
respostas de Deus.