segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PERDÃO E VIDA

Perdão é requisito essencial no erguimento da libertação e da paz.

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Habituamo-nos a pensar que Jesus nos teria impulsionado a
desculpar "setenta vezes sete vezes" unicamente nos casos de ofensa à
dignidade pessoal ou nas ocorrências do delito culposo, entretanto, o
apelo do Evangelho nos alcança em áreas muito mais extensas da vida.

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Se somamos as inquietações e sofrimentos que infligimos a nós
mesmos por não perdoarmos aos entes amados pelo fato de não serem eles
as pessoas que imaginávamos ou desejávamos fossem, surpreenderemos
conosco volumosa carga de ressentimento que nada mais é senão peso
morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero. Isso ocorre em
todas as posições da vida.

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Esquecemo-nos de que nenhum ser existe imobilizado, que todos
experimentamos alterações no curso do tempo e não relevamos facilmente
os amigos que se modificam, sem refletir que também nós estamos a
modificar-nos diante deles.

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Casamento, companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade
são instituições nas quais é forçoso que o verbo amar seja conjugado
todos os dias.

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Na Terra, esposamos alguém e verificamos, muitas vezes, que
esse alguém não é a criatura que aguardávamos; entregamo-nos a
determinados amigos e observamos que não correspondem ao retrato
espiritual que fazíamos deles; ou abraçamos parentes e colegas para a
execução de certos empreendimentos e notamos, por fim, que não se
harmonizam com os nossos planos de trabalho e passamos a sofrer pela
incapacidade de tolerar as condições e realidades que lhes são próprias.

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Reflitamos, no entanto, que os outros se alteram à nossa
frente, quase sempre na medida em que nos alteramos para com eles.

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Necessário compreender que se todos somos capazes de auxiliar
a alguém, ninguém, pode mudar ninguém, através de atitudes
compulsórias, porquanto cada criatura é uma criação original do Criador.

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Aceitemos quantos convivam conosco, tais quais são,
reconhecendo que para manter a bênção do amor, entre nós, não nos
compete exigir a sublimação alheia e sim trabalhar incessantemente e
quanto nos seja possível pela própria sublimação.