terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Não há luz

Não há luz

que não espante a treva

Não há sorriso

que não ilumine um semblante

Não há riso

que não sane o mau humor

Não há amor

que não desfaça o ódio

Não há perdão

que não traga a cura

Não há humildade

que não rebaixe o orgulho

Não há simplicidade

que não enrugue a vaidade

Não há beleza interior

que não nuble a beleza externa

Não há tolerância

que não vença a ignorância

Não há persistência

que não atinja um objetivo

Não há calma

que não inferiorize a ira

Não há paciência

que não dissolva a ansiedade

Não há coragem

que não dissolva o medo

Não há serenidade

que não desarme a agressão

Não há desprendimento

que não ridicularize a avareza

Não há ambição bem dosada

que não humilhe a ganância

Não há fé

que não vença a rebeldia

Não há rendição

que não cesse a guerra

Não há silêncio

que não quebre a exaltação

Não há compreensão

que não incomode o erro

Não há verdade

que não derrube a mentira


Há olhos

que observam os meus atos

e também os teus:

não há atos

que não sejam vistos

nem há pensamentos

que não cheguem a Deus