terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O HOMEM NO MUNDO

10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem
sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos.
Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore
qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por
quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições,
possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e
dê frutos de caridade e justiça.
Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à
evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora
das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os
homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às
necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento
de pureza que as possa santificar.
Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de
caracteres
opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais,
sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência
limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que
faltam para entrar na posse da sua herança.
Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes
os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis
todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando
começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe
peçais, num arroubo dalma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a
sua bênção para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à
Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser
purificada e santificada pela lembrança de Deus.
A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta;
mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o
menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse
insulado. Unicamente no contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais
árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola
priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo
de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.)
Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante
conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e
cubrais de cinzas. Não, não,
ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da
Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um
ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e
dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa.