terça-feira, 17 de março de 2009

O homem que vê a alma

Ninguém nota aquele homem simples caminhando por entre as vielas,
entre o lixo acumulado nas calçadas, ele observa;
moradores de rua que fazem de cada canto o seu refúgio,
ele enxerga além das feridas nos pés, da sujidade dos corpos,
ele vê a alma de cada um e percebe dores morais que marcam, ferem,
um que a bebida tomou conta e destruiu sua família,
outro que abusou da própria filha,
alienados pelas drogas,
abandonados pelo mundo...


Em outro quarteirão, o luxo contrasta com o lixo,
ele observa jogadores, mulheres que vendem seus corpos,
a mesa de bebidas, chefes de família semi-embriagados,
e por dentro de cada um, ele que observa almas,
vê o vazio, a ausência das próprias personalidades,
gente procurando preencher o que não sabem,
apenas sentem.


O homem segue seu caminho, é um viajante do tempo.
Logo se depara com um templo enorme,
entra e vê pessoas cantando, entoam hinos,
alguém fala do amor, a multidão silencia.


Muitos se comovem, e o homem que vê almas
percebe aqui e ali desejos de mudança,
pessoas sendo preenchidas pelo que é invisível,
e essas pessoas se alegram...


Outras no entanto, observam as outras pessoas,
reparam nas roupas, invejam quem está acompanhado,
maldizem a própria sorte,
pensam nas tarefas que às aguardam em casa,
não vêem a hora de irem embora...


O homem que vê almas sai e depara-se com um menino na rua,
pobre, maltrapilho, pés no chão,
parado com os olhos fixos no céu.


O andarilho do tempo pergunta o que ele procura,
o menino segura graciosamente na sua mão, sem medo,
e mostra uma estrela distante, dizendo que é Jesus.


Curioso, o andarilho pergunta como ele sabe,
o menino diz que a mãe enquanto vivia o ensinou.


Disse que toda vez que ele sentisse fome,
deveria olhar para a estrela e pedir para Jesus o pão,
toda vez que ele sentisse frio ou sede,
pedisse para Jesus uma coberta e água.


O andarilho quis saber então, se aquilo funcionava,
e o menino afirmou que mesmo na rua,
nada lhe faltava.


Nesse momento, o andarilho emocionado,
olhou para a estrela e acreditou,
tudo o que Ele havia passado havia valido a pena,
Ele era a estrela, a própria luz,
que ouvia daquele menino sem nada,
que a razão de tudo era ele,
o próprio Jesus.


Que o seu Natal tenha uma razão de ser,
que você se preencha com o encanto,
não dos presentes, nem da mesa farta,
mas da doce presença do espírito santo.
que é uma estrela iluminada pelos que acreditam,
que tudo vale a pena,
porque a alma não é pequena.