segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Natal e Ecologia

O primeiro Natal foi uma invasão divina na terra.
Deus desceu do Céu, com um enorme aparato,
inaugurando a primeira viagem ecológica.
Acompanhavam-no os anjos e as estrelas, seres
transparentes por excelência.
E instalaram-se numa gruta, preterindo os grandes
parques e os grandes centros.
Sua faixa promocional dizia: “Glória a Deus nas
alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Na gruta morava o mistério.
Estavam ali as criaturas mais simples da terra.
Pobres, provavelmente iletradas, mas cheias de
graça, cheias de excelências.
Falavam coisas simples.
“Faça-se em mim a sua vontade”, dizia Maria.
José, aliás, nem falava.
O mistério apertava-lhe a garganta.
Se tivesse que explicar sua identidade talvez
se atrapalhasse.
Vendo aquela composição todo ternura, Deus
sentiu vontade de ser criança, filho desta Maria
que não cessava de repetir:
"Faça-se em mim a sua vontade.”
E como Deus tem o acionador secreto de todos
os milagres, não custou transformar-se em criança
e pôr-se nos braços de Maria, dispensando
o serviço qualificado de parteiras e ginecologistas.
A partir desse momento, o Menino
tornou-se Fascinação.
A terra inteira veio prostrar-se a seus pés:
a noite com suas estrelas, os animais com
seu silêncio, os homens com sua admiração,
os reis com seus presentes, os anjos com seus
cantos, as coisas com sua completa e
respeitosa quietude.
Parece que cada coisa achou-se em casa.
Interrompo meu texto para passar uma informação:
ecologia vem do grego e significa
“casa”, “lar”( óikos + logia ).
Por isso é que Natal é ecológico: Deus conosco.
Deus em nossa casa, em nosso coração.
Um destino de felicidade.
Um mundo posto em harmonia não por forças
de grandes racionalizações, mas por
infinitas forças de sensibilidade.
Não havia nenhum capitalista, mas havia
gente simples: pastores do trabalho, operários
da opressão, reis da simplicidade.
Não havia fogos de artifício, mas havia estrelas.
Não havia uísques, mas havia vertente.
Não havia cheiro de pólvora ou gases, mas havia
o cheiro da natureza virgem.
Natal. Deus conosco. Deus em nossa casa.
Puro e inquestionável símbolo ecológico,
harmonizando céu e terra.
Por isso é que continuaremos a sensibilizar-nos
com o Natal, porque ele marcou o momento histórico
em que Deus não sentiu vergonha de ser Deus,
feito menino na manjedoura.
Um momento que mudou o ciclo dos tempos e
marcou uma distração divina: Deus fez sua
morada entre os homens esquecido de que
éramos pecadores.
Valendo-me dessa distração que fez Deus
tornar-se homem para fazer-nos divinos, desejo
a todos os leitores um Feliz Natal, no sentido
ecológico de sentir-se duplamente em casa:
consigo mesmo e com Deus.