segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mutuarios de um condominio

Nosso tempo no condomínio Terra é estágio para conhecimento. É tempo de provisório e não é bom senso colocar todos os esforços e recursos na conquista das coisas que vão ficar.
Estar reencarnado neste momento cíclico é oportunidade extra de conquistas espirituais, resultantes do esforço na busca de alternativas de sobrevivência, nossa e dos outros. É curso supletivo, quando conseguimos em uma etapa o que, nos dias de facilidade, não foi possível em muitas vidas somadas.
Cobrados pela consciência, aceitamos voltar e desfazer enganos do tempo em que nos faltava conhecimento. Retornamos na era do Espiritismo, com explicações que facilitam a tarefa e dão sentido às coisas que sem elas soariam como falhas do plano divino ou, segundo muitos, deixariam dúvidas sobre a própria existência do Poder Superior que acreditamos reger a vida individual e coletiva do universo.
Na qualidade de mutuários — ou inquilinos — moramos de favor e devemos isso à misericórdia de Deus, que repete oportunidades, mesmo após desperdiçarmos uma após outra. A prestação parece cara, mas se considerarmos o conforto futuro depois da reforma, ela é barata, quase de graça.
Estranhamente, concentramo-nos nos defeitos que esse lar coletivo nos oferece e não percebemos a beleza que nos entrelaça à natureza. Tudo funciona num planejamento perfeito, a despeito de nossa interferência quase sempre nociva. Faz frio, calor, chove, vem o sol e cada fenômeno atende a uma necessidade do meio ambiente. Infelizmente, seja qual for o tempo, reclamamos. Fôramos nós os administradores e tudo seria diferente. É hora de entender que nossos interesses particulares precisam também atender aos interesses do próximo, do bairro, da cidade, da pátria, do planeta e do Universo. Enquanto não houver harmonia no conjunto, as partes continuarão sofrendo pela desunião.
Vencido o contrato, ou rompido por inadimplência, temos de mudar. Saímos do condomínio acreditando que finalmente vamos encontrar lugar melhor. Mas esquecidos de levar "material" para construir uma nova casa, ficamos desabrigados e pedimos nova e urgente oportunidade, mesmo que seja no mesmo lugar, onde só enxergávamos defeitos. E assim continuamos mudando de lá pra cá e de cá pra lá, há séculos e séculos.
Felizmente, cada vez que voltamos valorizamos um pouco mais o que nos é dado. Menos exigentes, decidimos contribuir esquecendo um pouco de nós mesmos. Percebemos ter mais que precisamos ou merecemos e agradecemos ao invés de reclamar.
Tivéssemos lucidez e veríamos o privilégio que nos é oferecido sem que percebamos. A luz elétrica, a vacina, a água tratada, o avião, a anestesia, o automóvel, o telefone, a TV, são alguns dos bens colocados ao nosso dispor sem que cogitemos de conhecer o sacrifício feito pelos descobridores. Dissemos descobridores porque o inventor é Deus. Ao homem compete ir aos poucos juntando as peças para fazer funcionar as dádivas divinas. Convém analisar qual é a nossa contribuição para os que virão depois de nós ou, é bom ter em conta, para nós mesmos quando daqui há pouco voltarmos para novas experiências. Reclamamos hoje de um mundo feio que ainda ontem ajudamos a destruir.
Os movimentos ecológicos defendem a proteção da natureza que, quando maltratada, usa o tempo com paciência, até que o homem seja banido do cenário, vitimado pelas próprias atitudes, e serenamente se renova. A harmonia sempre prevalece e o que desequilibra é automaticamente absorvido pelo todo.
Nossa Terra, a exemplo de tudo o que existe na natureza, está progredindo e vai ser mundo de regeneração. Prepara-se para ser habitada por espíritos aperfeiçoados e bons e tomara que consigamos ficar entre estes, porque será um prêmio permanecer aqui, sem que sejamos exilados, numa triste repetição do efeito Capela