quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Ironia

Ironia é menosprezo, é zombaria disfarçada, é, afinal, demonstração de total ignorância das leis de Deus. Ironia é desamor.
Aquele que despertou para as coisas superiores jamais usa desse disfarce, dessa arma traiçoeira e tão ferina, para magoar quem quer que seja, para melindrar, para ridicularizar.
A ironia apresenta-se em palavras, gestos, olhares ou sorrisos, sempre com o propósito de magoar.
Lembremo-nos que aquele que usa tal arma contra o seu semelhante quase sempre acaba ferido pela sua própria arma.
As criaturas com quem convivemos ou aquelas com quem deparamos no caminho são dignas de respeito, seja qual for a sua condição. Se aquilo que nos apresentam não é de molde a nos agradar, se é mesmo vulgar ou ridículo, procuremos entender o que elas nos querem transmitir.
Temos um código secreto na nossa alma, onde poderemos encontrar o significado de tudo e assim compreender o que essas criaturas realmente nos querem revelar. Há criaturas em tais estados de alma tão mergulhadas na noite escura da ignorância, que só conseguem extravasar tolices, às vezes venenos, e assim vão pela vida afora, recebendo de uns, desprezo, de outros, ironia, e de muito poucos a piedade construtiva, a que ajuda a erguer, sem sentimentalismo, mas com compreensão.
Como seria a vida terrena se as criaturas buscassem descobrir a real finalidade das suas existências? Quantas lágrimas, quantos sacrifícios e sofrimentos evitados! Mas a criatura humana é ainda tão dispersiva, tão desatenta, tão cega e surda aos verdadeiros valores, apegada que está aos falsos valores materiais, aos desejos da carne, que não consegue e não pensa sequer em lutar por conseguir ver outros panoramas e ouvir outros sons senão aqueles que satisfazem os seus pobres sentidos humanos. E assim sofre, ironiza da vida nas outras criaturas, vingando-se dos seus desacertos, da sua cegueira, principalmente nos que estão mais próximos de si.
Atirando sobre os outros as pedras que colhe no caminho, ferindo as próprias mãos, revoltando-se mais ainda, porque o seu alvo muitas vezes é invulnerável. Aquela pedra que atirou volta como ricochete sobre o seu atirador.
Ironia, meus caros companheiros, é a arma do frustrado, do complexado, do que está perdido no mundo, do que não tem a menor idéia do que fazer, por isso mesmo, procura martirizar os outros porque se sente martirizado pela própria ignorância da verdadeira vida.
Então temos que convir que, seja qual for a mensagem que a vida nos traga pelas mãos dos nossos companheiros de jornada, precisamos, antes de jogá-la para um canto como inútil ou ironizar a sua insignificância, lê-la carinhosamente, atentamente, para encontrar o espírito nela contido e agir dentro desse espírito.
Se ainda houver em nós um resquício que seja do sentimento de ironia, transmudemo-lo sem demora em amor, em compreensão, e sentiremos dentro de nós como foi benéfica essa troca.