terça-feira, 4 de setembro de 2007

DENTRO E FORA

Por fora
tenho tantos anos
que quase nem acredito.
Por dentro, dez ou menos,
e me acho mais bonito.
Por fora, óculos;
algumas rugas,
entradas,
prata no cabelo.
Por dentro sou dourado.
Coração imaculado,
corpo sem pelos.
Por fora,
em aluviões,
batem paixões,
contra o peito.
Por dentro,
sem me tocar,
vivo a brincar, sem jeito:
não me derrota a dificuldade;
não me deprime a saudade;
não me demoro padecente.
(Porque sou meio palhaço
e brincadeiras faço
continuamente.)
E é por viver contente
que concluo sem demora:
é o menino
que vive por dentro,
que alegra
o homem de fora.