quarta-feira, 18 de julho de 2007

O SOBREIRO

Ao meu pai


Suavemente descera a cordilheira folhas em sorrisos
sem cordões, nem laçarotes rumo à terra distante
enaltecido pelas ramas qual senhor de um mirante
onde o azul-céu de encontro ao mar formava um friso.


À vereda, cingindo a cerejeira em diamantes, adentrara
troncos fortes refletindo à primavera tanto e tanto amor
no solo de vidrilhos naquele dia recolhera ali a sua flor
e toda a seiva de glórias somente e só a ela entregara.


Raízes, em dourado cravejadas, deitaram ao chão
um olhar, espelho d'água refletindo seara e fonte
nascente e riacho descendo a vertente num'oração.


Um sobreiro devotando toda prata por sua semente
o grão germinando à jardineira, aos vales e montes
à sombra majestosa, do extremo leste ao poente.