sábado, 21 de julho de 2007

NÓS E O RIO

Somos águas derramadas
Em gotas quase num fio
Na sina já pré traçada
De nos transformar em rio

Seremos regatos ou rios
Tímidos córregos ou riachos
Vencendo ou não desafios
No duro leito dos embaraços

Ao cair na terra, do Espaço
Sulcando o chão prá correr
Fazemos na vida o traço
Torto ou reto de viver

Ser cachoeira ou riacho
Depende de se querer
De como deixar o rastro
Na forma que quiser ter

Na estória de cada rio
Tem a hora d’água corrente
Ser barulho de cachoeira
Quando vira adolescente

Bem confusa se contorce
Em labirinto esquisito
Procura na terra a sorte
De um céu de luz infinito!

No curso vai aprendendo
Na solidão que ameaça
Quando outra água correndo
Ao encontro vem e abraça

E eis que juntas as águas
No leito do mesmo rio
Fazem tanta algazarra
Por dias e noites a fio

Brilhante volume cresce
Das águas que rolam cântico
No céu até a lua esmaece
Com tal idílio romântico

Surgem flores às suas margens
Pássaros em cantos mil
Faz sorrir toda paisagem
No manso embalo do rio

Desse encontro das águas
Nos muitos dias a correr
Tão grande a felicidade...
Viu outro riozinho nascer

E juntos tiveram tempo
Nas lições que aprendiam
Murmúrio, pressentimento
Do lugar para onde iam

Pois como o rio corre o tempo
Diz o vento a cochichar
Na comparação e exemplo
Que o rio sempre dá

Que o homem é rio menino
Em seu eterno caminhar
Sempre cresce e seu destino
É sempre correr pro Mar!