segunda-feira, 16 de julho de 2007

EPÍLOGO

Palavras, escolhas, fronteiras, delírios,
atalhos, lembranças, clareiras, abrigos,
esperas, romances, distâncias, desvios.
Tomei uma balsa, lado errado do rio,
naveguei, naufraguei, me afoguei no passado,
fiz de um dia nublado o meu manto sagrado,
fiz do amor que eu sinto um precioso guardado,
renasci no teu colo, jugular nos teus dentes,
pra curar as feridas, só com muita aguardente,
pra curar minha dor, melhor morrer de repente.
Mas morrer bem depressa, apagar minha mente,
só assim o teu cheiro se perderá em segredo,
só assim o meu medo se dissipará no desejo
de recomeçar outra trilha, outra busca inquietante,
de construir outra vida, de preferência inocente,
pois por ser hoje um homem que se fez tão descrente,
já não crê na magia de que o amor é capaz,
já não se apraz com seus versos, amargos demais!
Por não viver no presente a harmonia e a paz,
por não ter sido forte para desconstruir o passado,
agora, não tem mais jeito, é tarde demais!
Melhor calar e chorar para lavar o meu rosto,
quem sabe assim eu desmancho o desgosto,
pois vivi como um tolo, um poeta,
um louco,e fiz da vida um imenso confronto...
Derrotei a mim mesmo e não consegui triunfar.