segunda-feira, 16 de abril de 2007

VELHO COMPANHEIRO

Plange violão, afoga tua tristeza
nos gemidos sutis de tuas notas.
Tu me afogas também, mais uma vez,
com o meu toque sobre tuas cordas.

Mas logo mudas, és um alegre prelúdio,
como se todo o céu fosse se abrir
e captar minh'alma, transformá-la,
pra de repente, me fazer sorrir.

Tuas notas fluem, mais e mais ainda,
enlouquecidas, em ondas sucessivas...
e logo sonhas e te calas novamente,
como a brisa que passa e vai tranqüila.

Recomeças então, muito mais alto,
como uma ave que quer rasgar o vento
e espalhas teus acordes pelo espaço,
na emoção que te passo e te reinvento.

Há um mistério profundo nos teus sons,
nos teus lamentos que ressoam como gritos;
tu vibras quase como um acento humano,
de onde florescem todos os sentidos.