terça-feira, 17 de abril de 2007

FOME SEM NOME

Minhas mãos estão sujas, da inanição
Que assola os jovens e as crianças,
E passa por mim gente sem distinção,
Mortas há muito as suas esperanças.

Quem dera, levar-lhes o meu coração,
Certa a palavra para as suas andanças,
Mas o seu fado já perdeu a emoção,
Ficou nas ruas pejadas de alianças.

Porque não posso eu levar-lhes um toco
De pão, e vê-las sorrir enfim,
Se o grito é pouco mais que rouco?

Não seria preciso muito nem ser louco,
Para que cada um doasse um pouco de si,
Mesmo que isso soasse a pouco.